segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
INFORMENEEPSS
Fevereiro - 2019
Terceira Idade
O estudo sobre o processo de envelhecimento é de alta complexidade, de múltiplos ângulos visuais, mas infelizmente, ainda com pouca abertura para debates. Apresenta características diferenciadas de acordo com a cultura, tempo e espaço, assim como os diversos estudos referente à outros temas.
A visibilidade do envelhecimento só emerge como fenômeno social à partir do século XXI, um período em que os fatores demográficos retratam um aumento da expectativa de vida, diminuição dos índices de natalidade e fecundidade, avanços nas áreas da saúde, saneamento básico, tecnologia e questão ambiental, principalmente nos países chamado de primeiro mundo.
As condições objetivas de vida da população interferem diretamente sobre como será o futuro da terceira idade, tanto no aumento quantitativo da expectativa de vida quanto na qualidade oferecida pelas políticas sociais, principalmente nas áreas de saúde, previdência e assistência (o tripé da seguridade social). Porém essas políticas sociais destinadas aos idosos ainda estão longe de serem executadas plenamente. Constata-se que nos grandes centros urbanos das regiões sul e sudeste as oportunidades de enfrentar o envelhecimento com saúde e dignidade são maiores do que nos rincões mais afastados. Característica de uma desigualdade na distribuição de renda e serviços.
Como uma das expressões da questão social, o cotidiano dos idosos é marcado pela estigmatização e a marginalização a que são submetidos, Como consequência do modo de produção capitalista, as sociedades que atingiram certo grau de urbanização e industrialização requerem um contingente de trabalho produtivocada vez menor e jovem, dinâmico. No Brasil, em vários segmentos, trabalhadores de 35 anos são considerados “mercadoria velha pelo mercado”.
O empobrecimento crônico no sistema concentrador de renda, a desvalorização das aposentadorias – agravada pela atual impossibilidade da maioria se aposentar - e os constantes aumentos no custo de vida, que não costumam acompanhar a correção anual dos benefícios previdenciários, contribuem para agravar as condições de subsistência dos idosos.
Diante das dificuldades físicas, psíquicas, sociais e culturais decorrentes do envelhecimento, que se agravam exponencialmente na velhice dos pobres, estes sentem-se relegados à nenhum plano no mercado de trabalho, e estorvo no seio familiar e na sociedade em geral.
Cada vez mais, numa sociedade do “aqui agora”, que esquece seu passado e se recusa a uma visão de futuro, a idolatria da imagem do novo, moderno, jovem e a ridicularização do antigo, velho faz com que o idoso vivencie problemas de rejeição da autoimagem e tenda a assumir como verdadeiro os valores que a sociedade preconiza como corretos. Dessa forma, o idoso – assim como muitos dos jovens que se vêm sem futuro - se deixa conduzir por padrões preconceituosos que o colocam à margem da sociedade e acredita na ideia de que não é capaz de superar as dificuldades do envelhecimento – e do viver em sociedade.
Outra questão relevante no debate sobre terceira idade são as diferentes formas de violência que são vivenciadas pelos idosos, mesmo nos países ditos desenvolvidos, com destaque para maus tratos, como ameaças de morte, agressões físicas, abandono, desrespeito nos mais diversos setores (como por exemplo, no transporte público) e golpes dados em agências bancárias, vias públicas ou por contato telefônico.
Em uma sociedade em que a velhice significa peso para a sociedade, a violência intrafamiliar é uma consequência. A família, com o pretexto de cuidar, proteger e poupar o seu idoso, acaba excluindo-o das decisões que ele tomava anteriormente sobre questões referentes à sua própria vida, retirando sua liberdade de escolha, chegando a decidir o que deve comer e vestir e, na maioria dos casos, assumindo a administração dos bens sem o consentimento do próprio, explorando seus bens. O direito de ir e vir para qualquer lugar também é retirada de seu poder.
Como consequência, o idoso cria uma forma de dependência cada vez maior, perde a autonomia e não controla nem mesmo seu próprio dinheiro. Ele passa a ter que justificar todos os seus gastos, passa a ser controlado. Alguns reagem a essa expropriação de autonomia, outros, no entanto, sentem-se envergonhados, frágeis e incapazes para mudar essa situação e tomar as “rédeas” de sua própria vida novamente.
Com relação ao Serviço Social e aos desafios da atuação profissional, o atendimento à população idosa teve relevância desde dos primórdios da profissão. O caráter caritativo e assistencialista de proteção aos idosos fragilizados, quer seja por questões socioeconômicas ou por abandono dos familiares, foi sendo superado no decorrer da história.
Na categoria dos assistentes sociais, nota-se um movimento de debate e atuação que considera os idosos como sujeitos históricos e protagonistas da luta social, tendo em vista evitar a tutela total e favorecer a ocupação do espaço político pelos idosos.
É uma atuação que só pode frutificar em uma ação interprofissional, que congregue esforços para consolidar os direitos dos idosos, principalmente, os assegurados na política de seguridade social. Nessa direção, estão importantes ações profissionais que desenvolvem trabalhos educativos que articulam laços sociais de intercâmbio intergeracionais. São programas e projetos intergeracionais que podem favorecer a construção de uma sociedade pautada na colaboração e solidariedade entre indivíduos, gerações.
Neste contexto, as mídias sociais podem se constituir em instrumentos de resgate da condição de cidadão e do papel dos idosos na sociedade;não só campanhas que esclareçam sobre a necessidade do tratamento adequado aos idosos, principalmente daqueles que dependem de cuidados especiais, mas que os incentive a ocupar o espaço social e revelar sua força de pressão sobre o Estado, através do exercício do controle social.
Numa sociedade em que o centro é a mercadoria e não os indivíduos sociais, dificilmente os idosos vão ter a atenção e a proteção devida para envelhecer com dignidade.
O que separa o restante da sociedade dos idosos é somente o tempo. O que significa que cuidar de nossos idosos, garantindo-lhes uma vida digna, é cuidar do futuro decada um de nós.
Fontes Bibliográficas:
Rezende, I; Cavalcanti, L. Serviço Social: 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008
Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Estatuto do Idoso. Lei nº10. 741, de 1º de outubro de 2003. 4. Ed. Brasília, 2010
Universidade Aberta da Terceira Idade UnATI; Frias, S. Cartilha de Prevenção à Violência Contra o Idoso
Elaboração: NEEPSS – Núcleo de Estudos, Extensão e Pesquisa em Serviço Social/ Faculdade de Serviço Social/UERJ/CNP/FAPEJ
Coordenadora: Ana Maria de Vasconcelos
Discentes: Amanda Enéas, Beatriz Raposo, Camille Nunes, Danielle de Jesus, Luisa Santos, Karina Pessoa, Kinda Firmino, Lenice Nascimento, Lidiane de Souza e Luisa Santos .
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